Até onde você iria para não ser julgado por seus pecados?
Esta é a pergunta feita pelo commercial do Burger King, lançado no dia 29/jan no YouTube com divulgação paga no Facebook. No vídeo, sete pessoas são levadas de barco à águas internacionais, uma zona livre de “leis e julgamentos da terra“, para serem livres para “cometer qualquer pecado sem serem julgados“. Os sete passageiros representam sete pecados: luxúria, preguiça, avareza, gula, inveja, ira e vaidade.
Deixados literalmente boiando em águas internacionais, os passageiros são socorridos por um barco do Burger King, que está lançando o lanche “7 Pecados”. Um funcionário do Burger King avisa para alegria de todos: “Agora vão poder cometer sete pecados de uma só vez!” Uma das passageiras, aliviadas, confessa que o barco do Burger King “salvou minha vida!“, enquanto outro passageiro confessa, “Se tiver pecado todo dia, toda hora, a gente ta ae pra cometer nê?” O vídeo encera com a última fala: “Ah, hoje vou pecar.“
Claro, não é a primeira vez que a palavra ‘pecado’ é usada para avançar uma campanha publicitária. Afinal, uma das técnicas mais antigas de marketing é confessar as pessoas que é bom desejar o produto X de forma passional. Mas o curioso com o vídeo do Burger King é a cosmovisão entrelaçada nele:
1. Errado é ser julgado pelos pecados mas não o pecar em si. A tragédia humana é não ter a liberdade — ou a ‘dignidade’ — de se expressar o pecado o tanto quanto gostaria. É sugerido que o pecado pode levar a alegria plena.
2. Julgamentos existem simplesmente porque homens existem. Confundindo atos criminais com atos imorais, o vídeo sugere que certos pecados só existem porque há leis humanas que o condenem. Mas a constituição Brasileira, por exemplo, não criminaliza a vaidade ou a preguiça em si. As leis condenam somente as expressões indevidas destes pecados. Ninguém é preso por sentir ira e sim pela agressão. Os pecados capitais são condenados por uma lei moral que antecede qualquer lei humana.
O contraste com a cosmovisão cristão é clara. Enquanto nossa sociedade pergunta, “Até onde você iria para não ser julgado pelos seus pecados?”, o Evangelho indaga, “Aonde você irá para ser perdoado pelos seus pecados?”. Na cosmovisão cristã, o foco está na corrupção do pecado, e não na condenação ao inferno. O juízo final e a condenação eterna são conseqüências do nosso pecado e por isso queremos liberdade dele. Não queremos ser livres para expressar nossa escravidão; queremos sim ser libertos da nossa escravidão. Pecado sem condenação nunca será um combo tão atraente quanto o perdão sem corrupção.