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Published janeiro 29, 2024

O australiano Arthur Stace havia sofrido muito na sua vida até os 45 anos. Filho de pais alcoólatras, cresceu na extrema pobreza, sobrevivendo graças a restos de comida encontrados no lixo ou roubados das padarias. Ainda na adolescência, caiu no mesmo vício de seus país, e aos 15 anos foi preso. Sem ensino formal, trabalhou por um tempo como segurança em um prostíbulo que pertencia a sua irmã e, mais tarde, durante a primeira guerra mundial, chegou a se alistar no exército. Mas seus ataques recorrentes de bronquite não permitiram que servisse.

Foi com 45 anos que Arthur ouviu Rev. John Ridley pregar sobre o texto de Isaías 57.15: “Assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Habito num lugar alto e santo, mas habito também com o contrito e humilde de espírito, para dar novo ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito.” O coração de Arthur, doente e desprezado, ficou quebrantado quando o reverendo clamou: “Eternidade, Eternidade! Como desejo fazer ecoar esta palavra pelas ruas de Sydney! Um dia você terá um encontro com ela – aonde passará a Eternidade?

A palavra “Eternidade” impactou sua fé de tal forma que Arthur, aquele que mal conseguia escrever seu próprio nome, começou a rabisca-la com giz nas calçadas e ruas. Virou um hábito diário que ele manteve por 35 anos até sua morte. Calculam que escreveu “Eternidade” meio milhão de vezes.

Por mais que tentemos ser distraídos pelo consumismo, sempre voltamos a nos assustar com a mortalidade. Sempre que pensamos que nossas vidas são planejadas, arrumadas e certas, a mortalidade nos lembra o quão frágil somos. Quando o time do Chapecoense perde sua vida, choramos com aqueles que choram. Mas também choramos por nós mesmos. Pois lembramos que também somos meros mortais. A vida é apenas um vapor. Em algum momento inoportuno, nossos amanhãs desparecerão e gastaremos nosso último folego, talvez o último abraço, o último sorriso, ou a última doce lembrança daqueles que nos amam.

Mas Arthur entendeu que os homens compartilham também da Eternidade. Há uma certa ironia nisso: todos nós teremos um fim, e, ao mesmo tempo, nenhum de nós terá um fim. Nossa brevidade se refere a nossa vida perante os homens. Sim, ela passará, independente se foi vivida como um ditador ou missionário. Mas a eternidade se refere a nós como criaturas de Deus. Fomos criados para conhecer o brilho da glória eterna do nosso Criador. E por isso conheceremos a eternidade. Mas até disto tentamos nos distrair. Assim como disse o profeta Isaías, Deus habita na eternidade, e seu nome é Santo. Temos pouca atração por uma eternidade saturada pela santidade divina, a não ser que Deus a faça despertar em nós.

Quão bom seria se pudéssemos lembrar da eternidade toda vez que nos deparamos com a mortalidade. Sim, a morte vem, mas Arthur nos lembra que a própria morte é mortal. Nosso fim também tem um fim. E em Cristo Jesus, o filho de Deus, descobrimos que o amor eterno nos redime dos nossos pecados mortais. Na sua morte e ressurreição, na sua vitória e glória, encontramos o antídoto da mortalidade.