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Published janeiro 30, 2024

Acabei de ler um artigo que falava sobre como pecado é um obstáculo na vida cristã. Refletindo sobre o texto em 2 Reis que narra a cura do leproso Naamã, o escritor conclui que nós também precisamos ser lavados da nossa lepra (pecado). Para isso, precisamos mortificar nosso orgulho e confessar nossos pecados, para sermos lavados por Deus.

Parece um texto cristão, não é? Parece em sincronia total com a mensagem do Evangelho.

Mas um leitor fez a seguinte pergunta, “Aonde está Cristo neste texto?”

Li o texto novamente. E depois mais uma vez. E não havia sequer uma menção de Jesus Cristo. E muito menos da sua obra na cruz.

Todos os demais ‘ingredientes’ do Evangelho estavam lá: o homem, o pecado, o arrependimento, a transformação. Mas nem um piu sobre Cristo.

“Mas há menção de confissão de pecados! Presume-se então que Cristo está em foco.”

Pois é. É o Cristo presumido. O Cristo indireto. O Cristo entre as notas da rodapé. Enquanto o lepra faz toda sua encenação perante os holofotes, Cristo está nos bastidores. Muito a dizer sobre o homem, suas tentativas, seus deveres e nada a dizer sobre Cristo.

Qual o problema disso? É o seguinte: um Cristo presumido é um Cristo que fica a mercê da nossa imaginação. Qual Cristo me lava? Qual Cristo me perdoa? Qual Cristo me cura? Não se sabe. Basta cada um preencher o espaço com sua definição: O Cristo que me salva é ____________”. Deus? Uma divindade do hinduísmo? Uma divindade imaginária? Escreva o que você quiser.

As Escrituras são claras quanto a pessoa de Cristo. E em alto volume exaltam a *centralidade* de Cristo. Cristo não é apenas mais um ingrediente. Ele é o Rei dos Reis. Mantendo a ilustração de uma salada, nós somos a alface e Jesus Cristo é aquele que nos plantou, nos cultivou, nos separou. E mesmo assim somos podres. Comidos por vermes. Devemos ser descartados. Mas Ele nos lavou, nos transformou e nos deu “um cheiro suave”.

Ele quem? Cristo, o filho de Deus! Que, sendo Criador, tomou a forma da criação, e andou entre nós, anunciando o perdão. Mas não aquele perdão “de sempre”, que exige esforço da nossa parte. Seu perdão é de graça e saturado pela graça pois Ele é a expressão da bondade divina. Sua misericórdia extende da eternidade passada até a eternidade futura, não podendo ser medida, frustrada ou apagada. Ele quem? O Cristo, o Redentor de todos aqueles que — exaustos, enfraquecidos, desesperados! — confiam na sua obra na cruz. Ele o Rei dos Reis e Senhor dos senhores!

Viu como isso muda toda a narrativa?

Naamã precisava um encontro com o poder de Deus. E nós também. O foco da nossa narrativa, portanto, não pode ser a lavagem no rio, a confissão dos pecados ou a busca por uma maior humildade. Essas coisas são meras notas de rodapé em comparação com a personagem central: Jesus Cristo, Deus meu!

Sem Ele, nossa fé é vazia, humana, sem norte e sem esperança.