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Published fevereiro 20, 2024

Existem tentações que surgem do nada. Lá está você, vivendo tua vida numa boa, o rádio do carro berrando alguma música gospel, o tanque de combustível está metade cheio, e seu coração otimista. Mas é nessa que um cidadão te corta. Ele que se acha o dono do pedaço. Você freia, buzina, grita e ele te olha no retrovisor com aquela cara de quem está xingando um dos seus pais.

Você fica irado. A raiva parece inundar seu carro. Sua imaginação fértil – sempre disposta! – já sugere mil cenários que podiam acontecer na vida daquele cidadão, a maioria dos quais envolvem sua morte dolorosa, ou pelo menos a morte do seu poodle.

Resumindo, você peca.

Mas os principais pecados que corrompem nossos jovens não são assim. O consumo da pornografia, por exemplo, não é um pecado que surge ‘sem aviso prévio’. São pecados que vão surgindo de acordo com a oportunidade. E muitos jovens pensam que podem evitar o pecado e simultaneamente alimentar a oportunidade ao mesmo tempo.

UMA RUA CHAMADA MEIA NOITE

No sétimo capítulo de Provérbios lemos uma conversa que podia muito bem ter desenrolada no Whatsapp. Um pai conversa com seu filho, oferecendo palavras de sabedoria. E o pai compartilha algo que tinha presenciado.

Era o final do dia e o pai estava dando aquela última conferida nas portas trancadas antes de dormir. Foi nessa que ele olhou pela janela, e viu um movimento. A iluminação pública nessa época não é lá essas coisas. Mas ele enxerga o movimento devagar e preguiçoso de um “moço sem juízo”. O pai percebe que ele caminha “próximo à esquina” da mulher que se prostitui. Ele flerta com o perigo. Ele brinca com a tragédia. E ele entrega seu dinheiro e sua alma em troca de fruta proibida.

Perceba que o erro do jovem não começou quando ele deu ouvidos a ela. E nem quando ele caminhava próximo a sua esquina. A tragédia começou quando ele pisou fora da sua casa, ciente da sua fraqueza e mesmo assim optando por caminhar a sós pelas sombras da noite.

O pecado não surgiu do nada. Antes, foi se tornando uma realidade a cada passo que tomava naquelas ruas sombrias.

UM PROVÉRBIO PARA O SECULO 21

E se este capítulo fosse atualizado para os dias de hoje? O pai olharia pela sua janela e veria o quê?

Talvez seria um jovem que está sozinho no seu quarto, enfraquecido, navegando pela internet até altas horas da noite. Talvez seria um jovem usando mais um aplicativo que promete anonimato e “fotos descartáveis”. Talvez seria um jovem participando de um grupo no Whatsapp onde, vira e mexe, aparecem fotos e vídeos provocativos.

Pensando assim, talvez possamos entender a crise de muitos jovens. Eles querem estar livres do pecado. Eles buscam se arrepender. Eles contam com alguns amigos próximos para dar apoio. Já assistiram mil vezes os vídeos do Paul Washer. E mesmo assim, estão chocados com a facilidade em cair no mesmo pecado. Não entendem o por quê.

Então pergunto: cara, você abriria mão do seu smartphone ou seu laptop se isso fosse diminuir as oportunidades para a tentação aparecer na sua vida? E a resposta é geralmente a mesma: preciso do meu celular para trabalho, preciso do meu laptop para escola, preciso, preciso, preciso…

E reconheço que muitos jovens já venceram essa luta sem abrir mão de suas “telas”. Mas algum limite tiveram que implementar. Sabe porque? Porque FRAQUEZA + OPORTUNIDADE = PECADO. Portanto, se você já está enfraquecido nessa batalha, por que você vai se colocar em um situação que oferecerá a oportunidade de ser tentado?

Porque caminhar – ou navegar – pelas ruas próximas a sua esquina?

A NECESSIDADE VERDADEIRA

A verdade seja dita, você não “precisa” de Snapchat, Whatsapp, Instagram ou Facebook. E nem do seu seriado favorito no HBO ou Netflix. Sua alegria não depende deles. São úteis e divertidos, mas totalmente opcionais. Seus pais e avós viveram sem esses adereços sem crise alguma.

Mas você precisa sim vencer os pecados que querem corroer sua alegria em estar liberto por Jesus Cristo. Uma igreja saudável e a confissão dos pecados são elementos essenciais nesta batalha. Mas também recomendo que você reveja suas prioridades tecnológicas. Você está insistindo em manter a tentação dentro do seu alcance? O provérbio é cirúrgico ao perguntar, “Porventura tomará alguém fogo no seu seio, sem que suas vestes se queimem?” (Prov 6.27) Aquilo que nós abraçamos como “direito nosso!” pode muito bem estar queimando nossa resistência de dentro pra fora.

Conheço um jovem que comprou um celular “desses antigos” ao invés de um smartphone mega ultra power blaster. Não tem rede de dados, e muito menos wifi. Ele brincou que seu celular é tão arcaico que veio de brinde com uma maquina de escrever. Mas sua atitude é louvável. Ele foi intencional em remover situações que ampliariam o som da tentação batendo a porta.

Seja sua luta com pornografia, cobiça, ingratidão ou vaidade, saiba: nenhum aplicativo ou eletrônico é digno do valor que Jesus pagou para que você estivesse livre.

Verdadeiramente livre.