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Published setembro 26, 2024

Como surgiu o hábito de comemorar aniversários?

“O hábito de comemorar o dia do nascimento [aniversários] surgiu na Roma antiga….A origem estava ligada à ideia de que, na data de aniversário, anjos malignos vinham roubar o espírito do aniversariante e era preciso tomar medidas para prevenir isso. Por ser ligada a superstições, a tradição foi inicialmente considerada pagã pela Igreja Católica” [1].

Ainda hoje, a seita Testemunhas de Jeová proíbe a comemoração de aniversários[2], citando a origem pagã dos costumes:

Os costumes de dar parabéns, dar presentes e de celebração – com o requinte de velas acesas – nos tempos antigos eram para proteger o aniversariante de demônios e garantir segurança no ano vindouro… As velas de aniversário, na crença popular, são dotadas de magia especial para atender pedidos… Velas acesas e fogos sacrificiais têm um significado místico especial desde que o homem começou a erigir altares para seus deuses. [3]

Entretanto, nós cristãos, comemoramos os aniversários, dando graças a Deus por mais um ano de vida concedido. Pode isso, Arnaldo? Sim, graças a graça de Deus, que é poderosa — não só para redimir nossas almas — mas resgatar também as motivações por trás daquilo que celebramos. Lembramos:

  1. Aquilo que foi distorcido por corações pagãos pode sim ser remido pela maravilhosa graça de Deus. Nossa natureza caída perverte mas não cria; tudo que há foi originalmente criado por um Santo Deus. A redenção restaura santidade à criação, e isso inclui todas as esferas: arte, política, educação, etc. Nas palavras do Abraham Kuyper: “Não há um centímetro quadrado da realidade sobre o qual Cristo não possa dizer: ‘é meu’”.
  2. É superstição imaginar que qualquer celebração hoje que coincida com uma celebração pagã invoca os demônios. Um caso clássico: a palavra Sunday (domingo) fazia referência ao deus Sun (sol) e dia de domingo seria destinado à sua adoração. No final do século 19, um famoso sorvete criado no domingo levou o nome Sundae. Mas isso não quer dizer que toda vez que você pede um sundae no McDonalds [4], você está cultuando ao deus do sol. Lembrando o caso de Josué em Gn 50.20, aquilo que alguém intenta para o mal, Deus pode intentar para o bem.
  3. Como cristãos, temos mil motivos para celebrar a graça de Deus. A alegria pertence aos cristãos. O erro dos pagãos não foi em celebrar os aniversários; seu erro consiste em direcionar suas celebrações aos deuses falsos. A impiedade residiu na motivação errada e não necessariamente no bolo, nas velas, ou decoração festiva. Já o povo de Deus tem uma alegria que nasce da motivação correta: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1Te 5.18). Dito de outra forma: “se participo com gratidão, por que eu seria culpado por algo pelo que dou graças? Portanto, seja comendo, seja bebendo, seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.30,31).
  4. A liberdade cristã é uma dádiva divina. Sendo liberto dos rituais do paganismo, o cristão pode escolher se quer ou não celebrar aniversários ou outras datas comemorativas. Posso celebrar a vida do meu filho, o lançamento do meu filme favorito, datas de casamento, e ainda lembrar a morte dos meus familiares ou a data da independência do meu país sem qualquer vínculo com as obras do pecado. Tenho liberdade para não celebra-los também. O que não posso fazer é usar minha liberdade para celebrar o pecado nítido (“pretexto para o mal”, 1Pe 2.16) porque então contraria o propósito da liberdade cristã.
  5. A proibição de aquilo que Deus não proíbe é sintoma de falsa devoção.Visto que morrestes com Cristo para os espíritos elementares do mundo, por que vos sujeitais ainda a mandamentos como se vivêsseis no mundo, tais como não toques, não proves, não manuseies? Todas essas coisas desaparecerão com o uso, pois são preceitos e doutrinas dos homens. Na verdade, esses mandamentos têm aparência de sabedoria em falsa devoção, falsa humildade e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum no combate aos desejos da carne” (Col 2.20-23).

Resumindo: se você usa velas para espantar espíritos maus, pare com isso. Se você consome sorvete em homenagem ao deus sol, pare de comer isso. Se você ajoelha perante árvores de natal para adorar os deuses dos pagãos, você é idólatra; arrependa-se do seu pecado. Mas se você celebra a graça de Deus na sua vida para a glória dele de acordo com a liberdade que ele te deu, continue. Você é prova viva que a graça de Deus transforma, liberta e redime.

[1. Qual a origem da festa de aniversário?, Revista Mundo Estranho, mundoestranho.abril.com.br]
[2. Why Don’t Jehovah’s Witnesses Celebrate Birthdays?, jw.org]
[3. Raciocínios à base das Escrituras, revisado em 1989, publicado pela Sociedade Torre de Vigia, p. 38, viatestemunha.com.br]
[4. Top Sundae, mcdonalds.com.br]
Capa: Detalhe da obra The Birthday Party by John Petts, 1956, credito: Llyfrgell Genedlaethol Cymru / The National Library of Wales

3 Comments

  1. Priscila Priscila

    Muito bom texto

  2. Thiago Vargas Thiago Vargas

    Muito bom!

  3. Pedro Pedro

    Ótimo !

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