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Published janeiro 29, 2024
Para o muçulmano, o Alçarão não sofreu qualquer variação ao longo dos séculos. Inclusive, sua suposta inspiração divina depende disto. Na fé islâmica, nenhuma vírgula ou ponto final pode mudar de lugar de uma edição para outra, caso contrário o texto perderia suas qualidades ‘divinas’.
 
Mas o Cristão não enxerga assim a Escritura Sagrada. Mesmo que a Bíblia seja traduzida no idioma mais fraco e menos desenvolvido do mundo, Ela continua sendo a Palavra de Deus. Uma cópia feita por um copista novato é tão inspirado quanto aquela feita por um copista profissional.
 
A prova disso está na transmissão das Escrituras ao longo dos séculos. Os primeiros cristãos, pessoas simples e sem muita experiência com a palavra escrita, copiavam as Escrituras enquanto a perseguição batia a porta. A luz de candeia faziam copias apresadas, sem qualquer garantia que suas cópias – ou suas famílias – sobreviveriam até a próxima manhã.
 
Copiavam trechos quando não havia papel o suficiente para a epístola toda. E muitas vezes escreviam de forma minúscula para economizar espaço. Para ajudar, o Grego antigo não usava nem pontuação e nem espaçamento entre palavras!
 
Muito provavelmente, os primeiros copistas não eram escribas profissionais. Sabiam ler e escrever o básico, e desejavam servir a igreja de Cristo. Copiavam, e a igreja distribuia os textos. Eram mestres na distruibuição! Pequenos rebanhos compartilhando suas copias com igrejas vizinhas, ou levando suas copias até outros países, escondidas entre malas e roupas. Dezenas de cópias viraram dezenas de centenas de cópias em menos de 30 anos.
 
Era um trabalho que talvez alguns chamariam de amador, mais feito com muita dedicação.
 
Hoje, alguns zombam do Cristianismo: “Se seu Deus é tão poderoso assim, porque deixou a transmissão da sua Palavra nas mãos do povão?!”
 
E é ali que está a beleza da coisa. Deus usa vasos de barro para cumprir seu querer. Ele usa os fracos, os humildes, os loucos.
 
Pois esses primeiros copiadores são hoje uma das grandes provas da autenticidade das cópias que temos em mãos. Pessoas estudadas ou profissionais, que já escreviam altos textos, poderiam acrescentar suas próprias palavras usando o estilo de escrita dos apóstolos. Mas os primeiros copistas não tiveram essa riqueza de vocabulário ou estilo.
 
E ainda: se houvesse somente um canal de transmissão (como é o caso do Alcorão) aonde somente uma autoridade se reserva o direito de copiar e distribuir as copias, qualquer pessoa na hierarquia da transmissão poderia mexer no texto antes de passá-lo adiante. Mas com os copiadores cristãos não havia essa possibilidade. Ainda que possivelmente um ou outro herege tentaria alterar o conteúdo das copias, as outras 99% de copias comprovariam ao contrário. Era um sistema eficiente para descobrir – e não encobrir! – erros e modificações.
 
Devemos dar graças a Deus pelos primeiros copistas. Homens simples e dedicados, servindo ao Senhor com seus dons!