Published setembro 26, 2024
“Como pode uma mulher casada planejar seus estudos ou se dedicar a uma carreira ou vocação enquanto sua vida está continuamente exposta as interrupções de gravidez não planejada? A não ser que, claro, ela possa optar pelo aborto quando tudo mais tenha falhado!” — Virgina Ramey Mollenkott, professora na Universidade William Paterson, EUA
Na frase da profª Virgina, perceba a prioridade suprema dos estudos e trabalho. O diploma, carreira e sexo tornam-se deuses. São intocáveis! A gravidez é uma interrupção de tudo aquilo que deve ser buscado. Aborto não é crime; crime é não poder estudar ou trabalhar do jeito que você sempre sonhou. Teu sonho é deus; dane-se o resto.
Ficamos chocados com essa visão diabólica, mas devemos refletir: de modo geral, será que a atual visão evangélica da maternidade não compartilha de alguns dos mesmos princípios éticos?
Qual é o principio popular que determina quando (e quantos!) filhos um casal cristão terá? Todo casal cristão, claro, deseja ser sábio com o tempo e recursos que Deus tem providenciado. Mas como definimos os “direitos” e “interrupções” da vida a dois?
Um tempo atrás ouvi uma pergunta que não soube responder: Quando um casal celebra, aliviados, “Ufa — ainda bem que você não está gravida!“, o que isso diz a respeito da nossa visão de vida, da eternidade da alma dos filhos, daquilo que Deus chama de ‘bom’? O que motiva nosso alívio? Qual a razão da nossa alegria em estamos ‘livres’ daquilo que alegra o próprio Criador?
Talvez nossa alegria depende da nossa liberdade para buscar outras prioridades: diplomas, carreira, e sexo. Pode ser que esses dons — meios de adorar a Deus — acabam se tornando em deuses que exigem adoração.
Até 1930, a posição protestante quanto ao uso de contraceptivos era bastante similar a posição da Igreja Católica Romana, se não idêntica. Foi determinado, em uma conferência Anglicana em 1930, permissível o uso de contraceptivos quando houvesse “uma obrigação moral para limitar ou evitar a paternidade”. Mas o documento também registra “a condenação severa do uso de qualquer método de controle contraceptivo com motivações de egoísmo, luxo, ou mera conveniência”. Nos anos seguintes, a igreja Metodista, Presbiteriana e Batista tomaram posições semelhantes.
O que chama minha atenção no documento Anglicano é o cuidado em evitar que a “mera conveniência” se torne um deus na vida dos casais. Os sonhos estão se concretizando, os salários estão entrando, a rotina está favorável — porque então se expor “as interrupções de gravidez não planejada”? Porque correr o “risco” de segurar o fruto do amor em nossos braços?
Obviamente, é um tema que merece reflexão. (Mesmo sendo um tema antigo: Lutero lamentou que “casais se casam e morram juntos, com muitos propósitos em mente, mas raramente filhos!”) Precisamos refletir sobre como enxergamos aquelas vidas que carregam em si a imagem de Deus.
Excelente Texto Daniel, estávamos eu e a Bruna discutindo exatamente isso por esses dias.
Abolimos a utilização de contracepcionais orais há cerca de 4 anos (dos nossos 5 de casamento). Nesse meio tempo, como deves saber (a Bruna é amiga de IG da Sabrina) temos 3 meninas. Inclusive uma delas veio somente pela graça de Deus, pois a Bruna estava utilizando o Mirena.
E por esses dias estávamos discutindo e descobrindo como sutilmente foi mudado o conceito de aborto para que os anticoncepcionais, DIU e mirena, não fossem considerados abortivos, ainda que permitam a fecundação do óvulo, impedindo simplesmente que a gravidez continue através da alteração do endométrio, impedindo que o embrião seja alojado no útero (= ABORTO).
Recomendo imensamente dois conteúdos a respeito:
1- Série de estudos da Igreja Batista Reformada Vida Nova – Juliano Heyse
“Aborto e Santidade da vida humana”
http://ibrvn.com/?page_id=1313
em especial o último audio, onde nos últimos 30 minutos ele fala um pouco sobre a ação de anticoncepcionais
2- Padre Paulo Ricardo – apesar de ser católico, traz uma palavra que serve a todos os cristãos
https://padrepauloricardo.org/episodios/abortos-ocultos
Excelente Pedro, obrigado pelo comentário.