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Published setembro 26, 2024
Ontem, no meu voo de volta ao Brasil, sentei ao lado da Ashley, uma moça com 20 tantos anos que estava empolgadíssima com sua primeira viagem missionária. Após um treinamento intensivo de 6 semanas em São Paulo, Ashley vai passar 18 meses em Curitiba compartilhando a fé dos Mórmons.
 
Era um momento oportuno para evangelizar alguém que passaria os próximos dois anos sendo doutrinada por uma das maiores seitas Norte Americanas.
 
E motivações para evangelizar não me faltavam. Possivelmente, seria a única (ou última) vez que ela teria a oportunidade de ouvir de Cristo. Como cristão, também sou motivado pelo mandamento de Cristo (“Ide por tudo o mundo e pregai Evangelho”). E ainda, a própria natureza das Boas Novas servem de motivação — quem não compartilharia boas novas para aqueles que só ouviram noticias falsas?
 
Mas, nessas horas, a timidez fala alto. Como tocar no assunto do Evangelho sem tornar a conversa constrangedora? Ninguém gosta de silêncios constrangedores. E nem de ser visto como ‘cristão chatão’ que chama a fé dos outros de falsa. E ainda, como falar de pecado, de morte, de ressureição com alguém que tem suas próprias definições?
 
Pessoalmente, prefiro o que é confortável, jovial e natural. E o evangelismo não me parece nada disso — justamente porque não compreendo a grandeza do Evangelho.
 
Em 2Co 6.14, quando Paulo pergunta: “Que comunhão há entre luz e trevas?”, ele aponta as profundas diferenças entre o Evangelho e a idolatria. É como se o Evangelho fosse de outro mundo. Há uma disparidade entre a salvação pela Graça e a salvação pelas Obras. Existe um contraste tão grande que não há como diminui-la. O Evangelho choca porque é Luz para aqueles que estavam escravizados na escuridão.
 
Jesus pregava com amor, mas não diluía a mensagem do Evangelho. “Quem não crê,” proclamava Jesus, “já está condenado, pois não crê no nome do Filho unigênito de Deus.” (Jo 3.18)
 
É um tanto irônico: os apóstolos estavam acostumados com o risco de serem apedrejados ou aprisionados, enquanto eu me preocupo com o “risco” de um eventual silêncio constrangedor.
 
Algumas coisas podem nos encorajar nessas horas:
 
1. CALVINISMO. Acredite se quiser, mas a falta de evangelismo é um sinal que não se crê que Deus é tão soberano assim, ou que o homem é tão perdido assim, ou que a graça é tão eficaz assim. Antes, quando cremos que Deus pode usar até pedras para anunciar o Evangelho (Mt 3.9), somos encorajados a ser vasos de barro nas Mãos do Oleiro todo-poderoso. A força do evangelismo não está na minha persuasão — mas na obra do Deus trino.
 
2. NENHUMA PALAVRA VOLTARÁ EM VÃO. Por mais imperfeita que seja nossa apresentação da Palavra de Deus, saiba que Deus prometeu que sua Palavra sempre cumpre seu propósito. Seria esse propósito para salvar, ou servir como condenação no último dia? Não sei. Mas sei que o propósito de Deus será feito.
 
3. GRANDES MUDANÇAS NÃO ACONTECEM DE UM DIA PARA O OUTRO. Pense na sua própria jornada na fé. Foi somente um testemunho, ou um sermão que te trouxe a fé em Cristo? Geralmente, Deus usa uma coletânea de momentos — as vezes ao longo de anos — para chamar o pecador para Si. Um breve momento para evangelizar faz parte de um plano bem maior.
 
4. EVANGELISMO É UM ATO DE ADORAÇÃO. Nas suas aulas sobre Evangelismo no Seminário Martin Bucer, o prof. Wilson Porte destaca que Evangelismo não é um método; é uma reação de um coração que reconhece o quanto foi amado por Jesus Cristo.
 
5. ENXERGA A ALMA. Muitas vezes enxergamos os fatores ideológicos, culturais, ou religiosos de uma pessoa, sem lembrar que ela é uma alma eterna. Suas diplomas, opiniões e conquistas serão enterradas com ela, e portanto não podem nos espantar. Aquele breve momento constrangedor nem se compara com a eternidade que ela passará após a morte.
 
6. TODO MUNDO CARREGA ALGUM TIPO DE FARDO. Por mais que tentamos manter aparências, a verdade é que lidamos com diversas dificuldades. Nunca se sabe como o Espírito Santo aplicará o Evangelho aquela alma que te ouve. Pregue Cristo — sua divindade, perfeição, morte e ressureição — e descanse na obra do Espirito Santo.
 
7. ORE. Evangelismo não é um ato solitário. O Deus trino está do teu lado. A igreja de Cristo está do seu lado. Cheguei a mandar um whats para alguns amigos: “Estou sentado ao lado de uma moça Mórmon. Ore que eu possa compartilhar o Evangelho com ela.” Não pense que você é um guerreiro isolado. Jesus Cristo é o herói da história, e não você. Então fale dele.
 
8. O EVANGELHO NÃO É COMPLICADO. Algumas implicações teológicas do Evangelho podem ser complicadas. E, claro, os pensamentos de Deus sempre serão mais altos dos que os nossos. Mas o cerne do Evangelho é tão simples que até uma criança pode entende-la. Não sinta que é necessário apresentar uma aula teológica, ou um sermão de 7 pontos. Fale da morte e ressureição de Cristo, e ponto final.