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Published setembro 26, 2024
“Pô meu, a esposa do Ló só deu uma olhadinha rápida para trás. Só de curiosidade! E virou um pilar de sal. Que Deus chatão eim?”, escreve um ateu em um fórum online, revoltado.
Para ele, o Deus do Antigo Testamento parece ser bravo demais, vingativo demais, sanguinário demais. E pode ser que essa impressão do Deus do Antigo Testamento seja comum entre os cristãos.
 
O curioso é que a idéia de um Deus bravo é aceitável até certo ponto. Aceitamos que Deus se irrite com as coisas que nos irritem: políticos corruptos, assassinos, e bandidos. Parece que queremos — torcemos! — que Deus se irrite com pessoas do mal que nos afligem. Do que adianta um Deus indiferente com o mal que nos rodeia?
 
Queremos um Deus que crie leis contra o mal. Mas também queremos que ele se mostra um pouco flexível na hora de pisotear o mal. Porque no fundo sabemos que somos pecadores.
 
E esse é o ponto.
 
Não queremos aceitar que Deus odeia a injustiça mais do que nós a odiamos. Ou que ele ama a santidade mais do que nós a amamos. Porque se confessamos que seu ódio e amor são mais puros do que os nossos, confessamos que somos pecadores. Confessamos que temos amado a iniquidade, e odiado a justiça em algum grau. Preferimos então rotular Deus como “bravão”, “chatão” e “insensível” do que confessar nossos pecados. Que seja Deus quem errou, e não nós.
 
No Novo Testamento, claro, ninguém é transformado em pilar de sal. Mas acontece algo pior: Alguém é crucificado. E esse alguém é santo. Sobre Jesus Cristo é derramada toda a ira santa de Deus. Ele morre carregando os pecados de outros. Ele arranca o mal pela raiz.
 
Portanto, se Deus parece ser exagerado no Antigo Testamento, quanto mais na crucificação do seu próprio Filho.
 
De certo, milhares de pessoas morreram afogados no dilúvio, mas nenhum santo se afogou. Milhares morreram enquanto chovia fogo e enxofre sobre Sodoma e Gomorra, mas nenhum santo morreu. Somente no Calvário encontramos o Santo que morre — e Ele morre por milhares de ímpios.
 
O ato que expressa toda a ira de Deus é o mesmo que expressa toda a bondade de Deus. Ele é tão misericórdioso quanto ele é irado.
 

A pergunta a ser feita é: se o Deus “bravão” do Antigo Testamento abomina o mal ao ponto de derrota-lá – o que isso diz sobre você e teus pecados? E melhor: o que isso diz sobre a esperança da Cruz?

Pintura: The Deluge, Francis Danby, 1840