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Published janeiro 29, 2024
A Convenção Batista do Sul (EUA) está em crise. Dr. Al Mohler, presidente do maior seminário da convenção batista, publicou um texto no qual lamenta que “veio átona nas últimas semanas uma avalanche quase insuportável de má conduta sexual”. As raízes de pecado sexual infiltraram igrejas, ministérios e até seminários batistas. Ele destaca a triste facilidade dos evangélicos em criticarem os pecados sexuais de certos padres católicos, enquanto os mesmos segredos perversos germinam no seu meio.
 
São tempos sombrios. Na opinião do Dr. Mohler, o julgamento de Deus está sendo derramado sobre a denominação batista, e a “terrível espada da humilhação publica” cortará com vingança.
 
Fica difícil imaginar que a Igreja brasileira está livre desse mal que assombra nossos irmãos norte-americanos. Vivemos em uma das sociedades mais sexualizadas do continente. A nudez, sambando e alegre, virou o cartão postal do país.
 
Somos tentados a imaginar que o pecado sexual é algo “de fora”. Como se, dentro da ‘bolha’ do evangelicalismo, é impossível que tenha o que Dr Mohler chama de “conspiração de silêncio” escondendo pecado sexual.
 
Mas a imoralidade sexual está mais próxima que imaginamos. Estou convencido que o sexo fora do casamento entre nossos jovens ocorre com mais frequência do que imaginamos. Temos falado tanto de fugir da “aparência do mal” que os jovens se acostumaram em manter aparências somente. Em uma pesquisa recente, mais de 21% dos líderes de jovens entrevistados admitiram que acessam conteúdo pornográfico (Barna Group, 2016). A mesma pesquisa aponta que um em cada 20 pastores dizem estar viciados em pornografia. O adultério virtual está em alta. 

O DEMÔNIO QUE ANDA SEMPRE BEM ACOMPANHADO

A imoralidade sexual nunca é um pecado isolado. Antes, alimenta – e é alimentada – por outros pecados. Por exemplo:
  1. Impureza sexual alimenta a idéia de que “meus desejos são mais importantes do que os seus”. É o oposto da mensagem da cruz.
  2. O sexo fora do casamento alimenta a idéia de que o prazer pode existir sem ter que lidar com os compromissos. Muitos casais de namorados são súper exigentes quanto a “fidelidade” durante o namoro. Mas a ironia é que o namoro em si é tão frágil que basta alguns meses – ou no máximo alguns anos – para que se separam e os supostos “compromissos” caiam por água abaixo. O compromisso bíblico dura até que a morte os separe, e não “até que a morte do sentimento os separe”.
  3. Impureza sexual sugere que Deus não é tão santo assim. Não se surpreenda quando um cristão confessar, após se enrolar em impureza sexual, que tem dúvidas quanto à existência de Deus. Quando insistimos na impureza, nos distanciamos da presença graciosa de Deus. Repetimos aquela velha mentira do serpente, “Pô, será que Deus disse isso mesmo…?” Podemos ser tentados a imaginar que Deus é uma farsa tão grande quanto é a nossa ‘aparência’ de santo.
  4. A Impureza Sexual sempre vem com um brinde: a suposição que podemos vencer pecados sozinhos. “Caí nessa encrenca sozinho; consigo sair dela sozinho também.” Mas o DNA do Corpo de Cristo afirma o contrário: é na comunhão com a igreja que somos capacitadas pela Palavra a vencer o pecado.

VERGONHA NÃO É SUFICIENTE

Fazendo uma panorama rápida do evangelicalismo brasileiro nos últimos 50 anos, podemos notar uma ênfase comum: vincular certos pecados com uma dose ainda maior de vergonha. A idéia é fazer certos pecados parecem tão vergonhosos que nossos jovens serão constrangidos demais para sucumbir a eles.
 
O fruto desse tipo de pregação? Mais pessoas acabam sentindo mais envergonhados com seus pecados. Mas não que saibam lidar com ela. Alguns se afastam da igreja, outros abafam ainda mais os sentimentos de culpa. Em resumo: o pecado continua.
 
O texto bíblico não chama os pecadores a vergonha, mas a vitória em Jesus Cristo. É a liberdade em Cristo, e não o peso do pecado em si, que desperta adoração genuína.
 
Para chamar o povo de Deus a santidade, não basta uma pregação que fala mal da impureza sexual. É preciso anunciar todo o Evangelho de Jesus Cristo. Pontuar, sim, que Deus odeia o pecado, mas declarar em alto e bom som que Ele providenciou o meio pelo qual homens e mulheres podem conhecer Sua glória. Em Jesus Cristo, somos chamados a nos satisfazer com Aquele que é luz – ao invés de procurar esconder nossos pecados na escuridão do silêncio.
“Mas, se vivemos na luz, como Deus está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” 1João 1.7