Published setembro 26, 2024
Imagina a cena descrita em Marcos 5.1-21: um endemoniado corre para se encontrar com Jesus Cristo. Os demônios que habitam neste homem estão preocupados que Jesus os enviará para a perdição eterna. Apavorados, pedem que Jesus os enviem para uma manada de porcos. Não podem possuir nem um porco indefeso sem a permissão expressa do Criador.
Jesus então permite, e imediatamente os porcos, espantados e confusos, se jogam de um penhasco e morrem afogados no mar.
Não foram 5 ou 10 porcos. O texto sugere que foram dois mil porcos se desesperando e afogando. Imagina o barulho e caos.
O texto em Marcos 5 relata ainda que os homens responsáveis pelos porcos também correm. Correm para o centro da cidade e contam para todos o que Jesus Cristo havia feito com a única fonte de bacon daquela região. Consternados, os cidadãos vão até Jesus Cristo, para pedir que ele vá embora.
É como se falassem:
“Deixa os demônios quietos, Jesus. Um endemoniado ou outro a gente aguenta. Mas ficar sem porco é osso. Você vai enfraquecer nosso comércio. Você tá mexendo com nosso dinheiro. Seu poder é grandioso demais. Por favor, vá para outro lugar.”
É fascinante o quanto o poder de Deus atrapalha algumas pessoas.
Mas o ponto que quero destacar é que há dois “contadores de notícias” nessa história. Tem o ex-demoniado, que Jesus manda voltar para sua família para contar as boas novas do Evangelho. E tem os cuidadores de porcos, que também voltaram para seus lares, espalhando notícias.
Ambos compartilharam histórias de transformação. Ambos falariam do poder de Jesus Cristo sobre os demônios. Ambos chamariam o povo para correr a Cristo. Mas com resultados totalmente opostos.
Dois mensageiros, duas notícias, dois resultados.
Os contrastes nessa passagem são nítidas. Quase absurdas. Tem o endemoniado nu e violento antes de conhecer a Cristo, e ele manso e quieto após conhecer a Cristo. Tem os porcos quietinhos e fofinhos antes de serem possuídos pôr demônios, e os porcos violentos após serem possuídos. Há contraste entre paz e destruição, luz e escuridão, vida e morte.
Os dois tipos de mensageiros não apontam apenas dois jeitos diferentes de falar sobre os milagres de Jesus. Os dois tipos de mensageiros formam um par de opostos: um compartilha uma mensagem que salva, enquanto a outra divulga uma palavra que condena.
Há homens e mulheres no inferno, hoje, que deram ouvidos aos mensageiros da morte. Aqueles mensageiros que falavam do poder de Deus com a intenção de impressionar seus ouvintes com essa convicção: Jesus fará mal para nosso estilo de vida. “Vem, vamos pedir que Ele saia. Quem sabe conseguimos expulsar Aquele que expulsa demônios.”
Há varias lições aqui. Lições sobre o poder de Deus, a natureza divina de Cristo, a necessidade do Evangelho, etc. Marcos 5.1-21 é um texto riquíssimo.
Mas quero destacar aqui uma lição facilmente esquecida: ninguém é tão cego quanto aqueles que só conseguem enxergar o demônio no endemoniado. Tudo mundo naquela região sabia que aquele homem era possuído por um demônio. Sem novidades. Mas enquanto o endemoniado berrava suas blasfêmias nas montanhas e sepulcros FORA da cidade, os moradores se contavam em acreditar que os demônios não agiam DENTRO da cidade. Eram cegos a sua própria cegueira.
Não enxergavam a escuridão das suas próprias noites. Não sentiam o fedor dos seus próprios pecados. Não precisavam de um Salvador.
Até os demônios rogavam a Cristo para que não fossem enviados á perdição. Reconheciam sua culpa. Mas os moradores desta cidade não.
Só queriam comer bacon nas refeições. Isso bastava. Isso satisfazia. Segue a vida.
O relato é profundamente triste. E penso que ele espelha exatamente o que está acontecendo em nossa sociedade pós-moderno. A nossa sociedade não consegue mais conviver com a mensagem do Evangelho. Querem expulsar Cristo a qualquer custo.
Querem celebrar o aborto, a injustiça e a lascívia. E a presença do Filho de Deus todo-poderoso atrapalha seus rituais idolatras.
Se correm a Cristo, é apenas para pedir que Ele saía dali. Versículo 21 é um dos mais tristes em toda a Bíblia: “Jesus entrou novamente no barco e voltou para o outro lado do mar…”
Precisamos entender que os nossos bairros e as nossas cidades estão cheias de pessoas que estão cegos a sua própria cegueira. O poder de Deus soa ofensivo aos seus ouvidos. Estão dispostos a perderem suas almas, mas não seus porcos. Preferem o lamaçal á liberdade.
Senhor Jesus Cristo, faça luz entre nós. Opere seu poder pela sua Palavra. Transforme corações e vidas. E salva-nos da nossa cegueira! Permita que enxerguemos nossa própria cegueira ou correremos loucamente em direção a perdição, como uma manada de porcos possuídos.